Arquivo para 1 de maio de 2009

01
maio
09

Dica da locadora – especial Quentin Tarantino

Quem não conhece Quentin Tarantino? Em uma curta carreira como diretor, o também ator e roteirista conquistou papel notável na história do cinema por causa de sua participação marcante e original. Tarantino conquistou seu lugar na lista dos melhores filmes de todos os tempos divulgada pela Revista Empire com o segundo longa que dirigiu na vida. Seus filmes falam do submundo mesclando muito bem humor e violência (muita violência, diga-se de passagem!), têm narrativas não-lineares que foram conduzidas exemplarmente, e um tempero especial: a trilha sonora. Suas músicas merecem tanta atenção que, em 1996, um CD chamado Tarantino Connection foi lançado pela Universal, envolvendo a trilha sonora dos filmes que o cineasta escreveu e dirigiu até ali. Se é assim, dedico as próximas linhas às músicas que embalaram feito pluma cenas de ação e agressividade em sua melhor forma.

Obs: Clique nos ‘listens’ para acompanhar as tilhas sonoras ao longo do texto – fica mais fácil entender!

 

listen

Cães de Aluguel (1992)

 O primeiro experimento de Tarantino como diretor inovou em muitos quesitos. Modernizou não só as características cinematográficas que dariam corpo à revolução dos filmes independentes da década de 90, mas também a seleção de músicas que embalaria filmes sanguinários dali em diante.
Isso porque, na cena de tortura ao policial, por exemplo, graças à mente atormentada – que não é um defeito, fique claro! – do diretor, o clima chega a ser de comédia, de tão absurda que é a dancinha do torturador embalado pelo som da banda escocesa Stealers Wheel. Com toques de humor negro e uma linha quase invisível entre o violento e o cômico, a trilha sonora é a mais animada de seus filmes, contando com o primeiro hit de George Baker, “Little Green Bag”, e o agitado soul de Joe Tex. Merece destaque também o romantismo inocente de Sandy Rogers, que quebra o clima essencialmente black do apanhado.
Tarantino também optou por incluir diálogos do filme no CD da trilha sonora, seja ocupando faixas inteiras ou somente para introduzir as canções. Ele não foi o primeiro a realizar este feito, mas seguiu tal padrão em todas as suas obras.
Vale lembrar que a musicalidade está incluída na própria trama de Cães de Aluguel: no início do filme, acompanhamos uma discussão entre os criminosos sobre o significado da música Like a Virgin, de Madonna. Simplesmente cômico!

   listen

Pulp Fiction (1994)

 Talvez pudesse entrar para a lista de trilhas mais gostosas de ouvir de todos os tempos, junto com o filme. Se não é a melhor, sem dúvidas é a mais famosa: por causa de Pulp Fiction que o nome de Dick Dale – o rei da surf guitar de quase 70 anos – se tornou conhecido mundialmente, com a música de abertura “Miserlou”.
A trilha mistura de tudo um pouco: a rapidez e o despojamento da surf music dá espaço para o gigante do rock Chuck Berry, que vem seguido pelo soul de Al Green, combinando com a bela “Lonesome Town”, de Ricky Nelson. Uma seleção leve e descontraída que tira o peso sanguinário das costas do longa.
Como pano de fundo dos encontros repletos de sensualidade de Uma Thurman e John Travolta (ou melhor, de Vincent com a mulher do chefe), há o quase hino “Girl, you’ll be a woman soon” {*PS: o vídeo está com uma dublagem bizarra, mas vale a intenção!). Só a chatinha “Jungle Boogie” que poderia ficar de fora, muito repetitiva. 
Com o CD unindo ainda alguns dos melhores diálogos do filme, com um time como Samuel L. Jackson, John Travolta, Uma Thurman e Bruce Willis, ao melhor que a música tem a oferecer, é para extasiar qualquer fã que se preze, seja ele de música ou de cinema.

   listen

  Kill Bill (2003) e Kill Bill II (2004)

De tão grande que ficou a saga da noiva vingadora interpretada por Uma Thurman, Kill Bill foi dividido em dois. Assim, fomos abençoados com boa música cinematográfica em dobro. As duas trilhas soam como se viessem do túnel do tempo, mas isso se torna um fator positivo nas mãos de Tarantino, que já declarou que, desde as filmagens, já pensa minuciosamente nas músicas que se encaixariam em cada sequência com perfeição. As cenas ganham então identidade peculiar, se relacionando intimamente com as canções: basta ver a tradução de Bang Bang, interpretada por Nancy Sinatra, e comparar com a cena em que Bill quase mata sua noiva.
Quando comparada à trilha de Pulp Fiction, pode-se dizer que a de Kill Bill resgata temáticas famosas em seriados de TV e filmes antigos, sendo menos um apanhado de sons do gosto do diretor e mais uma trilha pensada cinematograficamente – talvez pela presença maciça de instrumentais.
“Battle without Honor or Humanty” traz ao trailler do filme o clima de máfia japonesa, enquanto o gigante Bernard Herrmann – que tem no currículo a música de nada menos que Psicose, Cidadão Kane e Moby Dick, entre outros – é resgatado com seu poderoso assobio que já virou até música dance-pop. As flautas orientais em “The Lonely Shepherd” trazem um clima meio hippie da praça da república, mas o clima é quebrado pelos raps de RZA, compostos especialmente para o primeiro longa.
Quando nos deparamos com a segunda trilha, que traz Johnny Cash, a cantora soul Shivaree e o italiano Ennio Morricone – que compôs a trilha de Os Intocáveis – não há dúvidas de que Kill Bill é uma obra prima em termos musicais.




maio 2009
D S T Q Q S S
 12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31  

Visitas

  • 117.504 rock'n roll fans