Posts Tagged ‘Jive

21
set
09

Jive: a segunda chance

Era uma vez… uma garota que visitou o Jive em uma noite de sábado. Acontece que ela não gostou do que viu e do que ouviu (uma banda ruim chamada Invasores de Cérebros), resolveu dar a sua opinião, e vieram uns mocinhos muito bem educados ofendê-la. Apelar pra mãe, pro credo, pra classe, pra cor. Afinal, ela é que foi injusta deixando bem claro que só se tratava de uma inocente opinião – justo foram eles com seus belíssimos comentários.
(pra entender a história, leia você mesmo)

Beleza! Ela foi contra seus instintos mais profundos, lutou contra o bom senso e voltou à tal casa da Alameda Barros. Então aqui vai a resposta a todo o amor e carinho que recebeu dos PunK ZL ViDaLoKaMaNo – ou coisa parecida.
Neste sábado, dia 19 de setembro, o clube estava no mesmo lugar. A cerveja subiu um real (R$6,00 por latinha) e os frequentadores também estavam mudados – menos hardcore, mais caras parecendo uma versão mal encarada do Johnny Cash. A discotecagem foi meio ruim, o povo mais se importava pra imagem e pro carão do que pra música em si… E quando eu tava me preparando para ir embora, eis que surge em cena uns moços chamados Big Nitrons.

Adivinha só? Eles eram geniais. Isto mesmo, FANTÁSTICOS. Eles não jogavam cerveja na careca, eles tomavam a cerveja e, melhor ainda – davam pra galera beber. Mas antes que os carecas achem que isso já é o bastante pra conquistar o público, já vou avisando: estes moços tocam música de verdade. Mais uma vez não fui capaz de entender uma palavra da letra – e aí, povo do Jive, vocês não vão consertar isso nunca? – mas nem precisava, porque o som era BOM. Pela energia da pista, deu pra perceber que não fui a única que gostou. Uma mistura muito doida de punk rock, country, ska, blues, que dá um ‘pervert rock’n roll’ contagiante, não deixou uma única criatura parada, e desimpregnou aquela nhaca que grudou no meu corpo a respeito do punk rock.

Os Big Nitrons tavam mais preocupados em fazer música boa e se divertir junto com quem estava ali. Pra eles pouco importam os rótulos e as definições, se é atitude que falta ou não no rock’n roll. E é exatamente isso que os faz ter mais atitude do que vocês, Ariel e sua trupe. Levando a vida numa boa, os caras já conseguiram fazer até turnê no Chile, sendo que se juntaram só em 2005. Talvez é isso que falte no punk rock em geral: o desprendimento, a imaturidade, a juventude. O Invasores de Cérebros é mais experiente? Pra mim soou datado, até idoso, enquanto os Big Nitrons ganharam uma fã. Mas no fundo, tanto faz… jornalista vive no limbo mesmo. Acontece que depois de aceitar as críticas e lavar minha boca com água, sabão e detergente, eu não só posso – como vou – falar mal do tal temido, respeitado e imbecil ‘movimento’. Afinal, se o presidente do senado não conseguiu calar a imprensa, o que são estes infelizes que usam da violência para conseguir o que querem?

E a lição de hoje é: faça amor, felicidade, música boa e bebedeiras. Cresça e vire gente, porque quem se corta em palco é psicopata, e quem corta os outros é assassino. Quem fala muito pouco faz, e se vocês aplicassem tanta energia em algo útil, o mundo seria um lugar mais feliz.
Obrigada, Big Nitrons, por me mostrar que punks e não punks podem ser felizes e se respeitar.
E eu agradeço também a quem souber ser punk sem ser idiota, e quiser manter uma discussão saudável a respeito disso tudo.

13
abr
09

Punk rock ou Punk poser?

 

Confira aqui um segundo post sobre punks, sobre jive, e sobre os comentários no final da página

Antes de mais nada, um aviso: esta nota não é imparcial. Não pretende ser portadora da mais pura verdade, mas sim de uma mera demonstração de opinião.

Em visita (ou badalação, como preferir) ao Jive, balada moderninha e ‘alternativa’ em noite intitulada That’s rock!, que trazia o pocket show da banda Invasores de cérebros, me peguei pensando: onde raios foram parar os punks?

Primeiro, vamos esclarecer algumas coisas:
A casa, com decoração colorida e psicodélica, é famosa por seus frequentadores exóticos e seu som característico, que mistura “brisa e beats latinos” com “especiarias musicais de terras remotas”, como descrito na comunidade do clube.
A banda Invasores, por sua vez, é veterana do punk rock nacional desde 1988, ridiculariza o famoso ‘sistema’ e vai contra ‘modismos’ em prol da liberdade de expressão, mas sem se agarrar a objetivos concretos, exceto o de divulgar sua música.

Pois bem, está provado que a banda destoa do ambiente nos princípios mais impregnados do cenário punk: casas sujas, escondidas e ‘fora da moda’, que raramente têm palco adequado e oferecem entrada bem abaixo dos R$20,00 do Jive seriam mais adequadas, sem dúvida. Agora, a atração especial fica por parte do público.

São Paulo Fashion Week lançou a tendência das sandálias gladiadorEntre as menininhas, os princípios do faça-você-mesmo e da fuga dos padrões caem por terra nos pés de rockeiras muito bem produzidas calçando sandálias estilo gladiador – que, por acaso, estão em alta nas passarelas tão criticadas pelo movimento por seu glamour e consumismo desenfreado.

Já aquelas que ainda não abandonaram o all star e a calça jeans pulam desenfreadamente e se fazem de punks sem conhecer ao menos uma música – exceto pelos hits de Sex Pistols e Ramones, é claro.

 

Os meninos, com cervejas de R$5,00 impregnadas do capitalismo maldito em mãos, abandonaram os moicanos e as roupas rasgadas cobertas por jaqueta de couro e tarrachinhas. Agora, ficou tudo mais simples: cabeça raspada e camiseta a la Galeria do Rock – mais hard core.

Quando o show começa, todo mundo se mistura em rodinhas até que pacíficas, e, as porradas da bateria em músicas rapidíssimas, tornam impossível para qualquer ouvido humano perceber do que se tratam as letras. Então, todo aquele engajamento contracultural e politizado do punk rock vira uma salada de modismos e perde o sentido. Queria deixar claro que admiro a mistura de estilos, e não há nada mais natural do que a transformação dos grupos e tribos ao longo do tempo, acompanhando as mudanças da sociedade em si. Só queria alertar para a discrepância do discurso de muitos punks que se intitulam os verdadeiros, principalmente por causa de suas consequências.

A violência entre grupos que enfrentam diferenças de valores ou de vestimentas se faz presente tanto nos subúrbios como nos centros, tendo como motivação a defesa de uma ideologia que, muitas vezes, nem seus próprios membros conhecem. Anarcopunks brigam com Carecas, que por sua vez brigam com Hardcores, que brigam com Emocores, que talvez não briguem com ninguém. O fato é que o movimento nascido no berço do anti-nazismo, amor livre e liberdade individual, criou seus subgêneros e deixou, por algum motivo, de respeitar esta última. O próprio vocalista da Invasores de Cérebros, em entrevista ao Portal do Rock, criticou o movimento punk por ter perdido sua agressividade: “Falta aquela rebeldia [..], aquela coisa de se rasgar com uma faca no palco. Acho que falta este fator do perigo. As pessoas primam muito pela técnica hoje em dia e se esquecem deste lado da loucura que representa o rock”.

Ok, Ariel, talvez falte atitude não só no punk, mas no rock em geral. Uma balada paulistana que toque na mesma noite Led Zeppelin, Garotos Podres e Avril Lavigne (?!) pausa: felizmente, deixei o Jive antes de presenciar tal heresia, mas fui informada do acontecimento por testemunha ocular –  mostra como a identidade do gênero foi pasteurizada, sendo qualquer poser capaz de se nomear qualquer coisa após breve pesquisa na Wikipedia. Entretanto, acho que em um mundo repleto por tantos problemas, denunciados inclusive pela sua banda, melhor escolher os Ramones cantando I believe in miracles do que o Invasores de Cérebros gritando música homônima, que considera o verdadeiro punk fruto de violência entre gangues – confira letra aqui.
Viva a diversidade cultural, de qualquer forma.




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